Capítulo IV Sermão de Santo António

Capítulo IV - Análise e resumo

Defeitos dos peixes em geral;

Comparação entre os peixes e os homens;

Críticas e repreensões a estes defeitos;

    O capítulo tem como principal objetivo repreender fortemente o pior defeito dos peixes, que é o de se comerem uns aos outros, e vivos ainda por cima. Apesar da circunstância, se os pequenos comessem os grandes, apenas um chegaria para muitos, mas são os grandes que comem os pequenos, sendo precisos vários destes para os alimentar. Sendo os peixes criados no mesmo elemento, cidadãos da mesma pátria e irmãos, se se comem uns aos outros estão a cometer um pecado atroz. O padre mostra os peixes o quão abominável isso é, pedindo-lhes que olhem para a cidade, onde se pode ver que os homens procuram saber como se hão de comer uns aos outros. “Ao morto, come o herdeiro, como o testamenteiro, come o legatário, o médico, o sangrador, a víuva, o coveiro, o que tange os sinos, o que lhe canta e o que o enterra. Enfim, ainda o pobre defunto o não comeu a terra (chão) e por toda a terra (pessoas) já foi comido.”
Ainda se os homens se comessem depois de mortos, pareceria menos horroroso, mas comem-se vivos!
    Ainda neste capítulo, o padre pede aos peixes que lhe digam se não haverá outro meio de se sustentarem. Comerem-se uns aos outros não é estatuto da natureza, mas sim verocidade e sevícia (violência, pecado físico).
    No Capítulo IV são feitas as repreensões gerais aos peixes.

(ANTROPOFAGIA SOCIAL – HOMEM COME-SE AOS SEUS SEMELHANTES)
           

Surge, mais uma vez, uma autoridade bíblica: Santo Agostinho. Através dele, Vieira constrói um paralelismo invertido:


São referidos dois exemplos: um de uma pessoa que morreu, outro de um réu no julgamento. No primeiro caso, existe uma forte crítica à exploração dos negócios que envolvem os mortos e, no segundo, ao sistema judicial. Em ambas as situações é evidente o paralelismo anafórico a nível lexical e que nos dá a imagem de um grande “banquete” em torno de uma pobre vítima.


Em forma de síntese: os Homens são como peixes que se comem uns aos outros, devoram e engolem um povo.

Neste momento é claro e direto o ataque feito aos colonos que exploram os índios, de uma forma completamente desumana.

Os peixes / homens comem os mais pequenos

. Os homens comem não só o povo, mas a sua plebe

. Os homens não só se comem, mas engolem-nos e devoram-nos

. Os homens devoram e comem como se se tratasse de pão

A IGNORÂNCIA E CEGUEIRA DOS PEIXES / A IGNORÂNCIA E CEGUEIRA DOS HOMENS

PEIXES
HOMENS
. Caem tão facilmente no engodo da isca
. Enganam facilmente os indígenas (peixes que facilmente se deixam enganar)
CONCLUSÃO
Os peixes / homens são muito cegos e ignorantes
No entanto, Santo António nunca se deixou enganar pela vaidade do mundo, fazendo-se pobre e simples, e assim pescou muitos para salvação.

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